6 - Do encontro com o “Anjo do Fogo” também conhecido por Chasmal
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Para se entrar no ninho de Chasmal passava-se através de uma caixa que reproduzia os sons do fundo do mar, mostrando a história de Plutão Antigo desde as dinastias que prepararam os faraós de Leve, até ao aparecimento do “Naos das Décadas”, o Calendário Astrológico de Deus, com nichos para os tempos de todos os Anjos e Demónios do Universo. Preservava um relato único, escrito em Mentino, sobre a criação do Mundo. Chasmal gostava muito de contos de fadas e, devido ao lugar fantástico que era o Mundo criado pelo Senhor, das histórias do Noddy.:
- Eu já fui, de várias formas, mais longe do que Laputa, numa viagem ainda mais impossível. E a resposta é "sim", podes voltar à tua vida, mas nunca mais será igual. Mas talvez seja suficiente ter sido uma vez.
Era muito erótico, meio cínico, meio ingénuo. Tinha um sonho, jantar com Lilith à luz das estrelas, mas sabia que isso nunca se concretizaria, pois era muito beato, e para ele a deusa era tão louca quanto sonhadora e dominadora no território dos sentimentos. Como Chefe Supremo nunca poderia prender-se a um dos maiores poços de egocentrismo pois o cargo exigia-lhe rigidez e austeridade, mas por vezes tinha encontros fortuitos com ninfas, onde se davam práticas satisfatórias e outras meiguices. Todos o respeitavam porque havia sempre uma inteligência, uma seriedade, uma sabedoria nas suas decisões e acima de tudo uma relação afetiva fortíssima com os seus soldados. Tinha como companheira fiel uma garça insuflável, oferta de um leveniano em transição para Laputa. Cuscuz simbolizava para ele a liberdade, sensualidade, a força sexual que lhe transmitia sensações ao corpo. Através deste anjo conhecia-se o que estava oculto, pois ele não se detinha nas barreiras do espaço e do tempo. Fora ele que resgatara o funcionário enviado muitos anos antes para Leve, após os levenianos o terem crucificado. O Anjo do Fogo era o Comandante Supremo das Dominações, cento e trinta milhões, trezentos e seis mil e seiscentos e sessenta e oito anjos formavam o seu exército, cuja missão era proteger Leve. Este Anjo-Chefe era muito poderoso, assim como o seu exército profissional. Chasmal sabia que os soldados do outro lado tinham-se embrenhado lentamente por todos os recantos de Leve, através de nuvens negras, deixando pensamentos cheios de trovoadas pesadas e longínquas, que pareceram suspender-se no céu de todas as vidas. Ele sabia que o fim do Quarto Império se aproximava. Este anjo era fluído e exuberante, capaz de sugerir o dramatismo dos acontecimentos de forma exemplar, sendo um ícone para os querubins. Nos tempos livres adorava tocar harpa e pertencia a um quarteto único no Universo, formado por Kronos, o guarda da Torre de Darik, Hapi e Hathor, que se reuniam uma vez por ano em Laputa para comemorarem o aniversário de Deus.
- Todos os seres vivos são constituídos por ideias, e quando os seus destinos se cumprem, as ideias desagregam-se e regressam novamente ao limbo, para serem outra vez juntas, em novas combinações. Acontece o mesmo aos deuses, porque o “Livre Arbítrio” assim o obriga, mas o novo processo é diretamente dirigido por Deus que, de um modo geral, e usando o poder que o “Criacionismo” lhe dá, reconduz as mesmas ideias, e dá outra vez vida ao mesmo deus. Laputa quer de novo Lilith, e esta missão é da vossa responsabilidade. Até lá a dissolução mantém-se, até Deus intervir e alterar o percurso existencial da deusa. Precisam de ir diretos para Atuá encontrar-se com o amante das “Heroínas Angélicas”!